Uma adaptação que se tornou fenômeno… pelos piores motivos
Lançado em julho de 2025 no Amazon Prime Video, o novo War of the Worlds rapidamente se transformou em um dos filmes mais comentados do verão — mas não pelos motivos que seus criadores esperavam. Estrelado por Ice Cube e com roteiro de Kenneth A. Golde e Marc Hyman, o longa recebeu uma enxurrada de críticas negativas e conquistou marcas simbólicas: nota 1.0 no Letterboxd e 0% de aprovação no Rotten Tomatoes.
Mesmo assim, tornou-se um sucesso de audiência. Com isso, entrou para o seleto grupo das produções mais assistidas da plataforma, confirmando a velha máxima de que “não existe má publicidade”. Muitos espectadores assistem apenas para conferir se ele é realmente tão ruim quanto dizem — e, segundo os críticos, é pior.
Uma ideia promissora executada de forma desastrosa
Curiosamente, o conceito por trás da nova adaptação não é totalmente absurdo. Inspirado por filmes como Unfriended e Searching, o longa tenta responder à pergunta: como seria o fim do mundo transmitido por telas? Em um momento em que a humanidade está cada vez mais conectada aos dispositivos digitais, a proposta de apresentar a invasão alienígena através de um formato “screenlife” até poderia funcionar.
No entanto, a execução é um desastre completo. Ice Cube interpreta Will Radford, agente do Departamento de Segurança Interna dos EUA, responsável por um programa de vigilância governamental. A maior parte do tempo, ele usa esse sistema para monitorar seus filhos: Dave (Henry Hunter Hall), um jovem problemático, e Faith (Iman Benson), sua filha grávida. O elenco ainda conta com Eva Longoria como uma amiga da NASA, Clark Gregg como diretor do DHS e Andrea Savage como agente do FBI — todos entregues a personagens rasos e sem propósito claro.
Atuações duvidosas e efeitos visuais vergonhosos
Grande parte do filme se passa através da tela do computador de Will. O problema? A produção faz parecer que Ice Cube gravou suas falas por Zoom, em um único final de semana, com um fundo verde que jamais foi finalizado. Em diversas cenas, seus óculos refletem o chroma key ainda sem renderização, um erro amador que compromete toda a estética.
Os efeitos visuais são grosseiros, com cenários digitais genéricos que lembram os piores momentos dos filmes de baixo orçamento do canal SyFy. Comparado a produções como Sharknado ou Mansquito, War of the Worlds parece ainda mais desleixado — e menos divertido.
Quando até a autopromoção incomoda
Além da qualidade técnica duvidosa, o longa é constantemente acusado de servir como vitrine para o próprio Amazon. Em um enredo que deveria abordar a luta pela sobrevivência contra alienígenas, o roteiro se desvia repetidamente para promover produtos e serviços da empresa, tornando a experiência ainda mais desconfortável.
A crítica também aponta um tom moralmente questionável, ao transformar uma invasão alienígena em uma metáfora rasa sobre ataques digitais e vigilância corporativa, sem qualquer reflexão profunda.
Um dos piores filmes já feitos, segundo o Rotten Tomatoes
Com tantos defeitos acumulados, War of the Worlds conquistou um lugar no ranking dos 100 piores filmes de todos os tempos, segundo o Rotten Tomatoes. Atualmente ocupa a 88ª posição, entre The Whole Ten Yards (comédia estrelada por Bruce Willis) e Godsend, um thriller com Robert De Niro.
No topo da lista aparece Ballistic: Ecks vs. Sever (2002), estrelado por Antonio Banderas e Lucy Liu. Logo atrás estão o terror One Missed Call e o drama religioso apocalíptico Left Behind, com Nicolas Cage.
O que resta? A curiosidade
Ainda que tenha fracassado em praticamente todos os aspectos — roteiro, direção, atuação, efeitos e até mesmo coerência narrativa — o novo War of the Worlds se tornou um estudo de caso sobre o impacto cultural da má fama. Em tempos de algoritmos e curiosidade mórbida digital, talvez o maior alienígena não esteja na tela, mas sim na forma como consumimos entretenimento.